O cérebro é complexo e misterioso. Faz de tudo, desde compor músicas até resolver os problemas matemáticos mais complicados da maneira mais elegante. É a fonte de todos os nossos comportamentos, sentimentos, sabedoria e o depósito das nossas memórias. É poderoso? Podes ter a certeza que sim. Estaremos nós a usar todo o nosso potencial mental? Na verdade, nem por isso.
O nosso desempenho é resultado do potencial que nós temos, menos das interferências. As interferências são causadas pela "amígdala” nos nossos cérebros, o que pode bloquear-nos com sentimentos de ansiedade ou insegurança. A “amígdala” é rapidamente ativada e faz parte da nossa resposta de sobrevivência (luta ou fuga). Karolien Notebaert, neurocientista de excelência, enfatizou a importância de usar o córtex pré-frontal dos nossos cérebros, que está envolvido em funções executivas (isto é, planeamento e tomada de decisão) e não é ativado espontaneamente. Karolien descreveu que, em dias agitados, quando usamos uma quantidade enorme de córtex pré-frontal, a "amígdala" assume o controlo e o cérebro não pode estar no controlo. Esse estado mental é designado por "esgotamento" e Karolien enfatiza que: "Nesse estado, tu és a pior versão de ti mesmo".
HÁBITOS E EXPERIÊNCIAS MOLDAM-NOS COM O PASSAR DO TEMPO
Um hábito é um conjunto redundante de pensamentos, comportamentos e emoções inconscientes automáticos adquiridos através da repetição. O hábito é quando tu fazes algo tantas vezes, que o teu corpo agora sabe como fazê-lo melhor do que a tua mente.
As pessoas acordam de manhã e começam a pensar nos seus problemas. Estes problemas são circuitos, memórias no cérebro, e cada uma dessas memórias está conectada a pessoas e coisas em determinados momentos e lugares e, se o cérebro é um registo do passado, quando começam o dia, já estão a pensar no passado. Cada uma dessas memórias tem uma emoção, e as emoções são o produto final de experiências passadas. Assim, quando recordam essas lembranças dos seus problemas, de repente sentem-se infelizes, sentem-se tristes e sentem dor. Ora, como nós pensamos e como nós nos sentimos cria o nosso estado de ser. Portanto, todo o estado de ser da pessoa, quando começa o dia, está no passado. Então, o que é que isso significa? O passado familiar, mais cedo ou mais tarde, será o futuro previsível dessa pessoa. Então, se tu acreditas que os teus pensamentos estão relacionados com o teu destino e tu não consegues pensar maior que a tua maneira de como te sentes ou os teus sentimentos tornaram-se o meio de pensar, com muitas definições de emoções, tu estás a pensar no passado. E, na maioria das vezes, tu continuarás a criar a mesma vida. As pessoas pegam no telemóvel, verificam todas as suas redes sociais, verificam o seu e-mail, colocam uma foto no Facebook, escrevem um tweet e, agora, já se sentem realmente conectadas com tudo o que conhecem nas suas vidas e, depois disto, passam por uma série de comportamentos de rotina: saem da cama sempre do mesmo lado, vão à casa de banho, bebem uma chávena de café, tomam um banho, vestem-se e conduzem para o trabalho sempre pelo mesmo caminho. As pessoas fazem sempre as mesmas coisas e veem as mesmas pessoas que “apertam” os mesmos botões emocionais e tudo acaba por se transformar numa rotina, num programa.
Então, elas agora perderam o seu livre arbítrio num programa, e não há nenhuma mão invisível a fazer isso com eles. Portanto, quando chega a hora de alterar a redundância desse ciclo, torna-se um programa subconsciente. Agora, 95% do que somos aos 35 anos de idade é um conjunto memorizado de comportamentos, reações emocionais, hábitos inconscientes, atitudes, crenças e perceções que funcionam como um programa de computador. Então, a pessoa pode dizer com os cinco por cento da sua mente consciente: eu quero ser saudável, eu quero ser feliz e eu quero ser livre. O problema é que o corpo está num programa totalmente diferente. Então, como é que nós começamos a fazer estas mudanças?
Nós precisamos de ir além da mente analítica, porque o que separa a mente consciente da mente subconsciente é a mente analítica. É aí que entra a meditação, porque nós podemos ensinar às pessoas através da prática como mudar as suas ondas cerebrais e reduzi-las, e quando elas fazem isso corretamente, elas entram no sistema operacional onde podem começar a fazer algumas mudanças realmente importantes. Portanto, a maioria das pessoas espera sempre por crises, traumas, doenças ou diagnósticos, ou seja, esperam sempre por algum tipo de perda ou tragédia para começar a fazer essas mudanças. A minha pergunta é: Porquê esperar? Porquê mudar quando estamos tristes e prestes a bater no fundo, quando podemos fazê-lo enquanto estamos felizes? Podemos aprender enquanto estamos num estado de imensa dor ou sofrimento ou podemos aprender enquanto estamos num estado de felicidade e inspiração.
RELAÇÃO ENTRE O NOSSO CORPO E A MENTE INCONSCIENTE
O nosso corpo é a nossa mente inconsciente. No sentido de que, quando nós estamos sentados e começamos a pensar nalgum mau cenário no futuro que estamos a imaginar e começamos a sentir a emoção desse evento, o nosso corpo não sabe a diferença entre o evento que está a ocorrer no nosso mundo e o que nós estamos a criar apenas pela emoção ou pelo pensamento. Portanto, a maioria das pessoas reafirma constantemente os seus estados emocionais. Então, quando chega a hora de desistir dessa emoção, eles podem dizer "Eu realmente quero fazer isto", mas na verdade o corpo é mais forte que a mente, porque foi condicionado dessa maneira. O servo, agora, tornou-se o mestre e a pessoa, de repente, uma vez que ela entra no desconhecido, prefere sentir culpa e sofrimento, porque pelo menos ela pode prever isso. Estar no desconhecido pode ser um sítio muito assustador porque, naquilo que não conhecemos, as pessoas afirmam sempre que tudo é incerto e que não podem prever o seu futuro. Bem, uma coisa eu posso afirmar: a melhor maneira de preveres o teu futuro, é se tu próprio o criares. Não através daquilo que é conhecido, mas sim do que é realmente desconhecido e daquilo que não fazemos a mínima ideia do que possa ser/fazer para nós. É importante voltar a frisar: a nossa mente não consegue distinguir aquilo que acontece nos nossos pensamentos daquilo que realmente nos acontece na nossa vida, aquilo que são as nossas experiências.
Então, nós começamos a instalar o hardware neurológico no nosso cérebro para parecer que o evento já ocorreu. Agora, o nosso cérebro já não é mais um registo do passado, mas sim um mapa para o futuro. E se continuarmos a fazer isto, preparando-o dessa maneira, o hardware irá tornar-se um programa de software e tu poderás começar a agir como uma pessoa feliz. Acho que a parte mais difícil é ensinar emocionalmente ao nosso corpo como será o futuro na experiência real. O que é que isto significa? Tu não podes esperar pelo teu sucesso para te sentires fortalecido. Tu não podes esperar pela tua riqueza para te sentires abundante. Tu não podes esperar pela tua próxima relação para sentires amor. Quando tu começas a sentir-te abundante e digno, estás a gerar riqueza. Quando tu começas a sentir-te cheio de poder, estás a começar a avançar em direção ao teu sucesso. Quando tu começas a sentir-te completo, o processo de cura irá começar e, quando tu te amas a ti próprio e amas toda a tua vida, tu irás sentir-te feliz e realizado. Esta é a diferença entre viver como uma vítima num mundo onde apenas dizemos “Eu sou assim por causa desta pessoa, por causa desta coisa e por causa desta experiência. Eles fizeram-me pensar e sentir desta forma”. Quando nós mudamos isto, nós começamos a ser os criadores do nosso mundo e começamos a dizer “A maneira como eu penso e a maneira como eu me sinto trouxe-me um resultado completamente diferente para a minha vida”. Agora, isto é um jogo completamente diferente. Nós começamos a acreditar cada vez mais que nós é que somos os criadores da realidade em que vivemos.
O PODER DA MEDITAÇÃO PODE INFLUENCIAR A NOSSA MANEIRA DE PENSAR E VIVER
Se tu acordas de manhã e não estás a ser definido por uma visão no futuro, quando vês as mesmas pessoas e vais para os mesmos lugares e fazes exatamente a mesma coisa na mesma hora, não é mais a tua personalidade que está a criar a tua realidade pessoal, agora a tua realidade pessoal está a afetar ou a criar a tua personalidade. O teu ambiente está realmente a controlar como tu pensas e sentes inconscientemente, porque toda a pessoa, todo o lugar e toda a experiência tem uma rede neurológica no cérebro que está conectada a uma emoção. Pessoas assim precisam do mundo exterior para sentir algo, portanto, para mudar isso, precisamos de ser maiores que o nosso ambiente, ser maiores do que as condições no nosso mundo. Então, porque é que a meditação é a ferramenta?
Vamos sentar-nos. Vamos fechar os olhos. Vamos desconectar-nos do nosso ambiente externo. Assim, se tu estás a ver menos coisas, menos estímulos vão para o teu cérebro. Se está a tocar uma música suave ou estás com os fones, menos informações sensoriais estão a chegar ao teu cérebro. Tu estás-te a desconectar do meio ambiente. Se tu puderes sentar o teu corpo e pedir para ele ficar lá como um animal "Fica aqui. Vou alimentar-te quando terminarmos. Depois disto, podes verificar os teus e-mails, as tuas redes sociais e as tuas mensagens, mas agora, agora tu vais sentar-te aí e obedecer-me. ", quando nós fazemos isto corretamente, e não estamos a comer nada, a cheirar ou a provar nada, tu tens que concordar comigo que estamos a ser definidos por um pensamento, certo? Então, quando o corpo quer voltar ao seu passado emocional e tu percebes que a tua atenção está nessa emoção e onde tu colocas a tua atenção é onde tu colocas a tua energia, tu estás a sugar a tua energia do momento presente para o passado e tu tornas-te consciente disso. Acalmas o teu corpo no momento presente porque estás a dizer "Bem, são oito horas. Normalmente fico chateado com o trânsito que está a acontecer a esta hora no meu caminho para o trabalho". Isto significa que o corpo está sempre a procurar aquele estado químico previsível a que tu estás habituado quando te chateias com o trânsito às 8h da manhã. Todas as vezes que tomas consciência disso e o teu corpo anseia por essas emoções e o colocas de volta no momento presente, tu estás a dizer ao teu corpo que agora já não é a mente por detrás disto tudo, tu és a tua própria mente. Agora a tua vontade é maior que o programa. Quando o corpo não é mais a mente, quando finalmente se rende, há uma libertação de energia. Passamos de partículas para ondas, de matéria para energia e libertamo-nos das correntes daquelas emoções que nos mantêm no passado familiar.
OS OBSTÁCULOS À CRIAÇÃO DE MUDANÇAS A LONGO PRAZO
As pessoas inventam coisas para se desculpar. O ser interior dessas pessoas está realmente a dar a eles permissão para permanecerem limitados. Eles dizem coisas como "Quero amarrar a minha ex-esposa e dispará-la direito à lua" apenas para tentar resolver os seus problemas. E agora o que vai fazer? Essa pessoa ainda precisa de fazer alterações para ser uma pessoa melhor. A pessoa que consideramos inimiga morre e depois o que acontece? Eles encontrarão outra pessoa para odiar. É assim que funcionamos como seres humanos, apenas mostramos outro motivo para sentir essas emoções. Acho que quando as pessoas começarem a entender isso, elas começam a ter consciência disso e a ter mais cuidado. Sabem porquê? Porque, como o Dr. Joe Dispenza disse uma vez: "Conhecimento é poder, mas conhecimento sobre si mesmo é auto-empoderamento”.
70% das vezes, existem pessoas que vivem stressadas e, vivendo stressadas, estão a viver em sobrevivência. Todos os organismos da natureza podem tolerar o stress a curto prazo. A definição de stress é quando o teu cérebro e o teu corpo ficam desequilibrados devido à homeostase. A resposta ao stress é o que o corpo e a mente fazem para voltarem ao seu estado normal. Então, imagina que tu estás a conduzir pela estrada, alguém se atravessa mesmo à tua frente vinda do nada e tu pisas mesmo a fundo com os travões. Tu podes até gritar com ele, fazer-lhe o gesto obsceno com o dedo, mas depois disso, acalmas-te e tudo volta a ficar normal novamente. Mas, imagina agora que é algo que acontece no local de trabalho com um colega que estás constantemente a ver sempre que estás a fazer alguma coisa. Tu passas o dia todo a “ligar” esses químicos das tuas emoções porque essa pessoa está a “carregar” em todos os teus botões emocionais. Quando tu ativas a resposta ao stress, e esta não pode ser desativada, agora tu estás numa doença, porque nenhum organismo da natureza pode viver num modo de emergência por um longo período de tempo. É um facto científico que as hormonas do stress regulam os genes e criam efeitos a longo prazo da doença. Os seres humanos, devido ao tamanho do neocórtex, podem ativar a resposta ao stress apenas pelo pensamento. Isso significa que os nossos pensamentos podem deixar-nos doentes. Então, se é possível que os nossos pensamentos nos deixem doentes, é possível que os nossos pensamentos nos deixem bem? A resposta é absolutamente SIM. Então, quais são as emoções que estão relacionadas à sobrevivência? Vamos nomear então: raiva, agressão, hostilidade, ódio, competição, medo, ansiedade, preocupação, dor, sofrimento, culpa vergonha, indignidade e inveja. Estes são todos criados pelas hormonas do stress. A psicologia designa-os de estados humanos normais de consciência. Eu designo-os por estados alterados de consciência. Tendemos a lembrar-nos mais desses eventos traumáticos porque, na sobrevivência, é melhor nós estarmos pronto se isso acontecer novamente. Quando um gene de sobrevivência está ativado, nós podemos ter dez coisas realmente boas que aconteceram no nosso dia e apenas uma coisa má. O que acontece? Nós não conseguimos desviar a nossa atenção dessa coisa má e infeliz, porque o gene de sobrevivência está ativado .
CONCLUSÃO
Tudo o que nos compõe; o “tu” e o “eu” – os nossos pensamentos, os nossos sonhos, as nossas memórias, as nossas esperanças, as nossas fantasias secretas, os nossos medos, as nossas habilidades, os nossos hábitos, as nossas dores e as nossas alegrias - estão gravados no trabalho de 100 biliões de células cerebrais. Se aprendermos hoje um pouco de informação, pequenas células cerebrais farão novas conexões entre elas, e quem nós somos será alterado.
As imagens que criamos na nossa mente ao processar diferentes fluxos de consciência deixam pegadas nos vastos campos intermináveis da paisagem neurológica, que contribuem para a identidade chamada "tu". Pois o "tu", como ser inconsciente, está imerso e existe verdadeiramente na rede elétrica interconectada do tecido cerebral celular. Como as nossas células nervosas são organizadas especificamente pelo que aprendemos, o que lembramos, o que experimentamos, o que sentimos, o que imaginamos e o que pensamos sobre nós mesmos define-nos individualmente e isso reflete-se na nossa filiação neurológica interna. Nós somos um trabalho em andamento.
Ao aplicar esse entendimento ao modelo quântico, que afirma que a nossa mente subjetiva exerce um efeito ou controlo sobre o nosso mundo objetivo (a consciência cria a realidade), podemos começar a explorar a ideia de que, se o nosso cérebro e o nosso corpo estão a evidenciar mudanças físicas para com a experiência que já aconteceu como resultado dos nossos esforços mentais muito antes da manifestação física, então teoricamente a experiência encontrar-nos-á!
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